Saiba que a experiência do luto na infância não deve ser ignorada, pois pode ter consequências graves na vida adulta. Afinal, é um trauma para quem vive. A criança tem sua própria experiência de luto e seu significado. Apoiá-la nesse momento difícil é crucial, mas para isso é necessário ter uma ideia de como ela entende o conceito de morte e como vivencia o luto.
Conheça alguns comportamentos observados em crianças que sofrem com a perda de um ente querido.
1 - Ansiedade
Trata-se de um apego excessivo aos outros. A criança vive com medo da separação, de ver seus entes queridos desaparecerem novamente, e não suporta ficar sozinha. O medo de ser sequestrada, de se perder ou de ser vítima de um acidente também pode estar presente.
2 - Raiva
Isso pode estar ligado ao ressentimento por ter sido excluído do processo de luto (funeral) ou por não conseguir mais tolerar a separação. A resposta dos pais costuma ser a punição, o que pode alimentar sentimentos de abandono.
3 - Hiperatividade
A criança não demonstra tristeza, mas a expressa realizando inúmeras tarefas incompletas. Isso pode ser reforçado pela rejeição de sinais externos de tristeza por parte daqueles que lhe são próximos.
4 - Distúrbios do
sono
A escuridão fomenta o medo da morte, especialmente porque se pode estabelecer uma ligação entre a morte e o sono (por exemplo:"o vovô está dormindo para sempre"). Pesadelos recorrentes também podem ocorrer.
5 - Identificação com
o falecido
A criança apresenta os mesmos sintomas que o falecido. Isso poderia ser uma forma de manter a presença do falecido através da criança e resultaria de um mecanismo de manipulação emocional.
6 - Queixas somáticas
(dor corporal)
A criança queixa-se de dores infundadas. Esta pode ser uma forma diferente de expressar o seu sofrimento, especialmente quando a expressão de tristeza não é tolerada pelos entes queridos.
7 - Depressão
Isso pode ter origem em um sentimento de culpa. A criança apresenta um sentimento persistente de tristeza, perde o apetite, está frequentemente cansada, etc.
8 - A compulsão de
curar
A criança ajuda aqueles ao seu redor. Motivada por comentários que a encorajam a ser gentil e a cuidar de seus pais, a criança assume um papel parental. Ela tenta curar os outros e a si mesma.
Alguns desses comportamentos podem persistir ao longo do tempo (principalmente a depressão) e afetar a autoestima e a confiança da criança. A forma como a morte é discutida e vivenciada na família e na comunidade desempenha um papel significativo no desenvolvimento desses comportamentos.
Como podemos apoiar
uma criança que está passando por um período de luto?
A criança não concebe a morte da mesma forma que um adulto, portanto, provavelmente não terá a mesma reação que se poderia esperar (luto, tristeza). Uma criança expressará seu luto à sua maneira, e isso pode ser confuso. Algumas crianças sentem necessidade de chamar a atenção, outras se retraem ou até mesmo assumem um papel protetor de pai ou mãe.
Veja 4 dicas para apoiar uma criança no luto.
1 - Informe a criança
sobre o falecimento o mais rápido possível
Às vezes é mais fácil pensar que a criança não consegue entender essas coisas, mas ela perceberá o que está sendo escondido dela e poderá desenvolver uma compreensão da morte baseada no pensamento mágico. Use palavras simples e evite comparações com o sono, pois elas podem ser mal interpretadas.
2 - Pergunte à
criança o que ela entende sobre a situação
Além disso, aborde quaisquer sentimentos de culpa, mesmo que não sejam explicitamente expressos (por exemplo, "Não é sua culpa que a vovó morreu"). As crianças percebem o mundo através do pensamento mágico, o que lhes dá a impressão de que algumas de suas ações têm um impacto (excessivo/irracional) em seu ambiente. Elas podem concluir rapidamente que a avó morreu porque elas não foram boas ou não a obedeceram.
3 - Esteja atento a
mudanças de comportamento
Uma criança que percebe que pode perder entes queridos pode desenvolver medo do abandono, o que pode se manifestar como uma forte necessidade de atenção e segurança. Um adolescente que vê que a morte pode atingir qualquer pessoa, a qualquer momento, pode ficar desestabilizado e questionar o sentido da própria vida.
4 - Preste atenção à
reação das pessoas ao redor da criança
Se for seu filho, a forma como você vivencia o luto provavelmente influenciará a dele (independentemente de você falar ou não sobre seus sentimentos, independentemente de falar ou não sobre a pessoa falecida). É importante criar um espaço para que todos se expressem; caso contrário, ansiedades e raciocínios distorcidos serão internalizados e poderão causar problemas no futuro.
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